Teoria das Janelas Quebradas

Teoria das Janelas Quebradas

Tempo de leitura: 5 minutos

Teoria das Janelas Quebradas

Hoje vou falar um pouco sobre da Teoria das Janelas Quebradas, que descreve um intrigante comportamento humano. Espero que isso leve você a refletir e perceber que algumas pequenas coisas podem fazer a diferença.

Em 1969, na Universidade de Stanford (EUA), o Prof. Phillip Zimbardo realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas abandonadas na via pública, duas viaturas idênticas, da mesma marca, modelo e até mesma cor. Uma delas deixou em Bronx, na altura de uma zona pobre e conflituosa da cidade de Nova York e a outra em Palo Alto, uma zona rica e tranquila da Califórnia.

Duas viaturas idênticas, abandonadas em dois bairros com populações muito diferentes, e uma equipe de especialistas em psicologia social estudando as condutas das pessoas em cada local.

Como resultado a viatura abandonada no Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, os espelhos, o rádio, etc. Levaram tudo o que fosse aproveitável e aquilo que não puderam levar, destruíram. De modo contrário, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta.

É comum atribuir à pobreza as causas de delitos.

Contudo, a experiência em questão não terminou aí. Quando a viatura abandonada no Bronx já estava desfeita e a de Palo Alto estava há uma semana impecável, os investigadores quebraram um vidro do automóvel de Palo Alto.

Como resultado se desencadeou o mesmo processo que o de Bronx, o roubo, a violência e o vandalismo reduziram o veículo ao mesmo estado que o do bairro pobre.

Por quê que o vidro quebrado na viatura abandonada em um bairro supostamente seguro, é capaz de disparar todo um processo de vandalismo?

Não se trata de pobreza. Evidentemente é algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais.

Um vidro quebrado em uma viatura abandonada, transmite uma ideia de deterioração, de desinteresse, de despreocupação, que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei, de normas, de regras, como o “vale tudo”. Cada novo ataque que a viatura sofre reafirma e multiplica essa ideia, até que a escalada de atos cada vez piores se torna incontrolável, levando a uma violência irracional.

Novas experiências

Em experiências posteriores (James Q. Wilson e George Kelling), desenvolveram a “Teoria das Janelas Quebradas”, a mesma que de um ponto de vista criminalístico conclui que o delito é maior nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são maiores.

Se um vidro de uma janela de um edifício é quebrado e ninguém o conserta, muito rapidamente todos os demais estarão quebrados. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, então ali surgirão os delitos.

Quando “pequenas faltas” são cometidas (estacionar em lugar proibido, exceder o limite de velocidade ou passar em um semáforo vermelho) e as mesmas são permitidas, então começam as faltas maiores e logo delitos cada vez mais graves. Se atitudes violentas são permitidas como algo normal no desenvolvimento das crianças, o padrão de desenvolvimento será de maior violência quando estas pessoas forem adultas.

Se os parques e outros espaços públicos deteriorados são progressivamente abandonados pela maioria das pessoas (que deixa de sair das suas casas por temor a criminalidade) , estes mesmos espaços abandonados pelas pessoas são progressivamente ocupados pelos delinquentes.

Exemplo de Aplicação Real

A Teoria das Janelas Quebradas foi aplicada pela primeira vez em meados da década de 80 no metrô de Nova York, o qual havia se convertido no ponto mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis deteriorando o lugar, sujeira das estacões, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro.

Posteriormente, em 1994, Rudolph Giuliani, prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Quebradas e na experiência do metrô, impulsionou uma política de “Tolerância Zero”.

A estratégia consistia em criar comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana. O resultado prático foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.

A expressão “Tolerância Zero” soa como uma espécie de solução autoritária e repressiva, mas o seu conceito principal é muito mais a prevenção e promoção de condições sociais de segurança. Não se trata de linchar o delinquente, nem da prepotência da polícia, pois aos abusos de autoridade deve também aplicar-se a tolerância zero.

Não é tolerância zero em relação à pessoa que comete o delito, mas tolerância zero em relação ao próprio delito. Trata-se de criar comunidades limpas, ordenadas, respeitosas da lei e dos códigos básicos da convivência social humana.

Essa é uma teoria interessante e pode ser comprovada em nossa vida diária, seja em nosso bairro, na vila ou no condomínio onde vivemos e não só em cidades grandes.

A tolerância zero colocou Nova York na lista das cidades seguras.

Esta teoria pode também explicar o que acontece aqui no Brasil em relação a corrupção, impunidade, amoralidade, criminalidade, vandalismo, entre outros.

E você, o que acha? Faz sentido para você? Comente logo abaixo para sabermos sua opinião e se gostou compartilhe com seus amigos, quem sabe assim possamos fazer mais pessoas pensarem antes de agir.

Até a próxima!

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